quarta-feira, 23 de julho de 2025

Vendedores de cerâmica nas Caldas da Rainha


 

Tipos do Mercado - Vendedeiras de fruta - Caldas da Rainha


 

Praça da República à hora do mercado, nas Caldas da Rainha


 

Chaby Pinheiro no Ferro Velho da Feira da Ladra - Filme "Lisboa" de Leitão de Barros


 

Chaby Pinheiro no Ferro Velho da Feira da Ladra - Filme "Lisboa" de Leitão de Barros


 

Praça da República à hora do mercado, nas Caldas da Rainha


 

Praça da República à hora do mercado, nas Caldas da Rainha


 

Praça 5 de Outubro em dia de mercado, nas Caldas da Rainha


 

Feira de porcos, nas Caldas da Rainha


 

Feira de bois, nas Caldas da Rainha


 

Praça da República em dia de mercado, nas Caldas da Rainha


 

Praça da República em dia de mercado, nas Caldas da Rainha


 

Praça Maria Pia em dia de mercado, nas Caldas da Rainha

 


Praça da República à hora do mercado, nas Caldas da Rainha


 

Interessante aspeto do mercado de frutas, nas Caldas da Rainha


 

Praça de D. Maria Pia - Mercado, nas Caldas da Rainha

 


segunda-feira, 30 de junho de 2025

Ilhas Afortunadas - Açores

Ilhas Afortunadas (em grego: μακάρων νῆσοι, transl. makárôn nêsoi; em português: 'ilhas dos bem-aventurados' ou 'ilhas abençoadas') foram, nas mitologias grega e céltica, o deleitável paraíso que para o poeta grego Hesíodo era o lugar que acomodava os Elísios, uma região abençoada, onde os heróis e as almas favorecidas eram recebidos pelos deuses após a morte. Acreditava-se que estas ilhas estavam no Oceano Ocidental perto do cerco do rio Oceanus. A Madeira, os Açores, as Canárias, e Cabo Verde às vezes são identificadas como as possíveis localizações das Ilhas Afortunadas.

Na alta Idade Média europeia as Ilhas Afortunadas ficaram ligadas à lenda das viagens de São Brandão, o monge irlandês que as teria visitado e nelas teria encontrado o jardim do Éden. Através desta lenda, as Ilhas Afortunadas ficaram associadas ao fundo mais abrangente das ilhas míticas do Atlântico (Sete Cidades, Antília , ilha do Brasil e Ilhas Afortunadas, entre outras).

Fernão de Noronha identificou o Brasil como sendo as Ilhas Afortunadas ou mesmo a Ilha do Brasil da lenda criada a partir das navegações de São Brandão no século VI.

A partir do século XIII as Ilhas Afortunadas foram progressivamente identificadas com as Canárias do rei Juba II, acabando por se perder a designação. Contudo, com o advento da biogeografia, o nome foi recuperado na sua forma helenizada como Macaronésia (do grego makaron = afortunado), termo hoje muito em uso nas disciplinas ambientais e progressivamente adoptado para a associação política entre os arquipélagos da periferia ibérica: (Açores, Madeira e Canárias), incluindo por vezes Cabo Verde.

Flavio Filóstrato, Vida de Apolônio (Livro v2), diz: "E eles também dizem que as Ilhas dos Abençoados estão localizadas nos limites de Líbia aonde elas se elevam em direção ao promontório desabitado." Nesta geografia, a Líbia existia em direção Oeste até à Mauritânia, "até à boca do rio Salex, umas 900 stadia, e além deste ponto até uma distância que ninguém pode computar, porque quando se passa este rio da Líbia, há um deserto que não sustenta nenhuma vida."

Plutarco fez referência às "Ilhas Afortunadas" diversas vezes em seus escritos, localizando-as com firmeza na geografia do Atlântico em "Vida de Sertório" que, quando estava se esforçando contra a caótica guerra civil nos últimos anos da República Romana, recebeu notícias dos marinheiros sobre algumas ilhas há poucos dias velejando da costa da Espanha. Aonde o ar nunca era extremo, e que para chuva tinha um curto orvalho prateado, do qual dele próprio sem labor, brotava todos os frutos agradáveis para seus felizes residentes, até que para ele elas não poderiam ser se não outra as Ilhas Afortunadas, os Campos Elísios.

Naturalis Historia de Plinio, II adiciona à descrição conectiva que "elas afluem em frutas e pássaros de todos o tipos", e o detalhe inesperado: "Estas ilhas, contudo, estão bem prejudicadas pelos corpos dos monstros apodrecendo, quais são constantemente jogados pelo mar."

Ptolemeu usou estas ilhas como referências para as medidas geográficas de longitude, e elas continuaram tendo um papel de definir o Meridiano de Greenwich até à Idade Média. geografia moderna chama estas ilhas de Macaronésia.

"The Fortunate Isles and Their Union" (Tradução livre: "Ilhas Afortunadas e as Suas Uniões") é uma mascarada da Era Jacobina, escrita por Ben Jonson e planejada por Inigo Jones, e apresentada em 9 de Janeiro de 1625.

Diz uma lenda popular que, após Helena de Troia ter se casado com Aquiles, eles viveram nas Ilhas Afortunadas.

A ilha Brasil, originariamente Hy Breasail, é uma ilha mitológica irlandesa que foi representada em muitos mapas do Ocean Atlântico de 1325 a 1865. A presença da "ilha Brasil" em mapas medievais já deu a muitos a impressão de que a terra e o nome do Brasil eram conhecidos desde o século XIV. Na verdade, a ilha legendária nada teve a ver com as terras da América. Alguns especularam que sua presença nos mapas e no imaginário dos navegadores influenciou, pela coincidência, a fixação do nome de "Brasil" à terra inicialmente chamada pelos portugueses de "Vera Cruz", mas não há provas disso.

O mapa de Fra Mauro de 1459 indica uma ilha de nome "Brazil" com a inscrição: "Queste isole de Hibernia son dite fortunate", ou seja, classifica-a como uma das "ilhas afortunadas".

As Ilhas Afortunadas são mencionadas nas séries "The Sea of Trolls", e até no título do último livro, The Islands of the Blessed.


Fernando Pessoa usa Ilhas Afortunadas como título de um de seus poemas.

Que voz vem no som das ondas

Que não é a voz do mar?

E a voz de alguém que nos fala,

Mas que, se escutarmos, cala,

Por ter havido escutar.


E só se, meio dormindo,

Sem saber de ouvir ouvimos

Que ela nos diz a esperança

A que, como uma criança

Dormente, a dormir sorrimos.


São ilhas afortunadas

São terras sem ter lugar,

Onde o Rei mora esperando.

Mas, se vamos despertando

Cala a voz, e há só o mar.


(Fernando Pessoa)

Lenda da Fajã de São João - Açores

A Lenda da Fajã de São João é uma tradição da ilha de São Jorge, nos Açores. Versa sobre as vivências do homem em uma terra difícil e vulcânica, e os locais afirmam ser baseada em fatos reais.

A lenda reporta-se a um acontecimento ocorrido no ano de 1757 na Fajã de São João. Nessa fajã da costa da ilha de São Jorge vivia uma mulher pobre e humilde juntamente com a sua filha. Essa mulher era já bastante idosa e, devido à sua simplicidade, era com frequência alvo da troça dos vizinhos.

Nessa altura vivam-se tempos de dificuldade e o pão de milho era a base de alimentação das populações. O pão era cozido em todas as casas, quase sempre aos sábados de manhã. À tarde limpava-se e enfeitava-se a casa com flores nascidas nos pequenos jardins das moradias, até que tudo ficasse pronto para o domingo, dia de descanso.

A velhinha e a sua filha estavam a pôr o lume ao forno para o aquecer, e a amassar a massa do pão, quando bateram à porta. Como não era costume receber visitas e tinha as mãos enfarinhadas, respondeu de onde estava que abrissem. A velha porta de madeira gasta rodou sobre as dobradiças de ferro e na ombreira apareceu ema formosa senhora vestida de branco que a idosa não conhecia. No entanto, disse com boa educação: "Entrai, vinde para junto do meu lar, gosto de dar a todos do pouco que Deus me deu'.

A senhora vestida de um branco imaculado deu apenas um passo casa dentro e respondeu á idosa: "Não me posso demorar, ide dizer a toda a gente da fajã que fuja deste lugar e vá para a serra antes de chagar a noite. Um caso estranho vai dar-se em breve". Assim a idosa deixou o seu trabalho e foi de porta em porta, chamando as pessoas e dizendo a todos que fugissem de suas casas e da fajã, porque ia dar-se um acontecimento terrível.

A população troçou dela, ninguém acreditando na profecia. Mas a idosa pôs-se imediatamente a caminho da serra, acompanhada apenas pela filha. Durante toda a longa caminhada a subir pelas estreitas veredas das arribas, a velhota que acreditara na Senhora de Branco pensava que as pessoas, por serem incrédulas, tinham ficado em perigo na Fajã de São João.

Foi então que por volta da meia-noite a terra começou a tremer, o mar uivava ao longe com um som sinistro, bramia de encontro aos rochedos. Teve início um grande terramoto, as encostas das montanhas e das altas falésias desabavam. Rochas enormes rolavam para a fajã, indo umas para ao mar, outras sobre as casas e os seus moradores, destruindo os terrenos cultivados na sua passagem veloz. Ao longe ouvia-se os gritos das pessoas que se misturava com o bramir da terra, com o barulho das rochas e o vibrar do mar.

Quando o Sol raiou pela manhã e começou a iluminar as cercanias da Fajã de São João, a velha encontrou uma enorme destruição. Assistiu ainda aos últimos gritos das pessoas que aos poucos se foram transformando em murmúrios até se extinguirem por completo. Daí para a frente os poucos sobreviventes passaram a dizer que a velhinha tinha feito uma profecia porque tinha falado com a Virgem Santa Maria e que, por ter tido fé, se tinha salvo e à filha.

Lenda da Ermida de Nossa Senhora dos Milagres da ilha do Corvo - Açores

A Lenda da Ermida de Nossa Senhora dos Milagres é uma tradição da ilha do Corvo, nos Açores. Liga-se às crenças dos povos cristãos, não só insulares, onde o desconhecido era enfrentado com medo e por isso era solicitada a intervenção do divino.

No século XVI, num dia de mar manso, andavam homens a bater a costa à procura de restos de madeira trazidos pelas ondas do mar, para queimar como lenha. Por entre as madeiras que tinham dado à costa viram um pequeno caixote a flutuar na linha da maré. Era um caixote muito bem feito, de madeira clara, já gasta pelo tempo no mar.

Estranhando o objeto, trouxeram-no para fora da água e abriram-no com cuidado. Dentro estava uma pequena imagem de uma Nossa Senhora a que só mais tarde os corvinos vieram a chamar dos Milagres. A notícia do achado correu pela ilha e em pouco tempo as pessoas juntaram-se no local para ver a santinha. Alguém reparou que a imagem tinha uma inscrição: "No lugar onde eu sair, façam-me uma ermida". Imediatamente ficou decidido construir uma ermida localizada no Alto da Rocha para a Nossa Senhora.

Com o passar do tempo, a notícia de que uma imagem da Senhora dos Milagres tinha dado à costa na ilha do Corvo espalhou-se pelas restantes ilhas dos Açores e rapidamente chegou a Lisboa, onde ordenaram que uma nau fosse buscar a imagem para a capital do reino de Portugal. Apesar de revoltados com o acontecimento, os locais não puderam impedir a partida da imagem, que foi levada para um templo em Lisboa, onde ficou em lugar de destaque num altar dourado.

Pouco tempo depois, coisas estranhas começaram a acontecer. Todas as manhãs a imagem aparecia com o manto molhado, como se estivesse estado metida em água. Começou a dizer-se que a água era salgada e que a Nossa Senhora andava pelo mar: a imagem saía do seu altar de talha dourada todas as noites e atravessava o mar para ir para a sua ilha do Corvo, onde gostava de estar, e voltava pela manhã à igreja onde a tinham colocado.

Só a partir destes acontecimentos e quando a noticia chegou ao Corvo e a imagem também é que os corvinos passaram a chamar a esta imagem de Nossa Senhora dos Milagres.

Preocupados com o acontecimento inexplicável, os padres da igreja onde a imagem se encontrava decidiram envia-la de volta ao Corvo. Quando a imagem de Nossa Senhora dos Milagres voltou à ilha, foi recebida com grande alegria pela população que voltou a coloca-la na sua ermida sobre a rocha, sobranceira ao Porto da Casa, local onde tinha aparecido e queria ter a sua morada. Dali, acredita-se, passou a proteger os corvinos e a fazer muitos milagres.

Lenda da Donzela Encantada da ilha de Santa Maria - Açores

A Lenda da Donzela Encantada é uma tradição da ilha de Santa Maria, nos Açores. Liga-se à crença em encantamentos e na ação de seres sobrenaturais.

A história passa-se no lugar de Valverde, junto a uma caudalosa ribeira onde em tempos idos as mulheres do campo costumavam ir lavar as roupas. Uma lavadeira, que estava com muito serviço, ficou sozinha fora de horas a lavar roupas até quase ao crepúsculo. Conforme iam terminando o seu serviço, as outras mulheres tinham ido embora sem que ela se apercebesse.

Concentrada no trabalho, a lavadeira cantarolava algumas melodias, e o som da água a correr não a deixou ouvir ao principio os murmúrios de uma voz de mulher que se lastimava a um canto da ribeira. Durante um intervalo para descansar, a lavadeira apercebeu que uma mulher gemia e chorava baixinho, pedindo socorro. Aproximou-se do lugar e viu uma moça muito formosa, parecida com um anjo e vestida de um branco translúcido, meia oculta nas hortênsias.

A lavadeira perguntou-lhe por que parecia tão infeliz, ao que esta terá respondido que se encontrava encantada por uma fada má. Só lhe era permitido aparecer naquele local de sete em sete anos, por alturas do pôr-do-sol, na esperança de encontrar um jovem que a quisesse namorar. No entanto, só depois de quebrado o encanto é que lhe podia dizer quem era. Pouco depois de dizer isto, desapareceu nas sombras e nos ruídos silêncios da água corrente.

Quando a lavadeira contou este acontecimento na sua aldeia, muitos não acreditaram nela, outros acreditaram. Sete anos depois, foram vários os rapazes de Valverde, que ao pôr-do-sol foram sentar-se nas margens da ribeira, na esperança de ver a moça encantada. No entanto, ela nunca mais apareceu.